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Contagem Regressiva Para a JMJ Rio 2013!!!

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Procissões: Procissão do Ofertório!!!

Provavelmente a única procissão de caráter laical, não conta com o celebrante, o diácono, nem os acólitos, apenas leigos levando os dons. Essa procissão não faz parte do cerimonial da forma extraordinária do rito romano, tendo sido reinserida na ordinária a partir do uso no rito romano de anterior ao Concílio de Trento. Pode ser feita em todas as missas, mas preferencialmente aos domingos e solenidades.

Terminada a liturgia da palavra inicia-se o canto do ofertório, de junto da porta principal ou de outro lugar mais conveniente, parte a procissão onde alguns leigos levam os cibórios e as galhetas. Não devem ser levados nessa procissão o cálice e a patena, primeiramente porque esses dois vasos são especialmente abençoados e, segundo a tradição, evitar o toque é uma forma de respeito; depois por que não faz sentido levar o cálice vazio ao altar e levar a patena sozinha é algo nenhum pouco prático.

A pocissão termina onde está o celebrante. Este encontra-se, via de regra, na sédia ou cátedra, mas pode se posicionar também na entrada do presbitério ou outro local se a primeira opção for pouco viável. O missal romano prevê, ainda, a possibilidade de ser o diácono a receber os dons dos fiéis. Considerando o caso padrão de o celebrate estar na cátedra, aqueles que levam os dons se aproximam, se for conveniente dois a dois, fazem reverência e se ajoelham aos pés do celebrante. Nesse momento o celebrate pode abençoar aqueles que levam os dons ou dirigir-lhe algumas breves palavras, então pega os vasos e os entrega a algum ministro ou ao menos toca neles. Depois eles se levatam, voltam a fazer reverência e, se não tiverem entregado os vasos com as sagradas espécies ao próprio celebrante, entregam a algum ministro que os leva ao altar.

Não se fazendo essa procissão, os ministros, acólitos e diácocos, levam as espécies de maneira mais simples da credência até o altar.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Mitos Litúrgicos Comentados - Mito 04: Rito Romano e Tradição Litúrgica!!!

Este estudo é baseado no artigo "Mitos Litúrgicos", Que Escrevi com a palavra Oficial da Santa Igreja.



Mito 04: "A Missa Tridentina é antiquada"

Não é.

A Missa Tridentina é o Rito Romano celebrado na sua forma tradicional, promulgada pelo Papa São Pio V no Concílio de Trento. As diferenças entre a Missa Tridentina e a forma do Rito Romano aprovada pelo Papa Paulo VI NÃO são somente a posição do sacerdote e a língua litúrgica (pois como foi dito acima, também na forma moderna do Rito Romano é lícito celebrar em latim e com o sacerdote e povo voltados na mesma direção). As diferenças vão além: dizem respeito principalmente ao conjunto de ações do sacerdote, dos demais ministros e do povo que participa, bem como às orações previstas no Rito.

Com o Motu Próprio Summorum Pontificum, publicado em 2007, o Santo Padre demonstrou que essas duas formas do Rito Romano não são apenas duas formas válidas e lícitas, mas também duas formas autenticamente católicas de celebrar, e por isso mesmo, não há contradição entre elas. Escreveu o Santo Padre:

"Estas duas expressões da lei da oração (lex orandi) da Igreja de maneira nenhuma levam a uma divisão na lei da oração (lex orandi ) da Igreja, pois são dois usos do único Rito Romano." (Summorum Pontificum)

E ainda:

"As duas Formas do uso do Rito Romano podem enriquecer-se mutuamente (...) Não existe qualquer contradição entre uma edição e outra do Missale Romanum." (Carta aos Bispos, que acompanhou o Motu Próprio)

O Santo Padre ainda fez questão de mostrar que a Missa Tridentina NÃO se contrapõe ao Concílio Vaticano II:

"Há o temor de que seja aqui afectada a autoridade do Concílio Vaticano II e que uma das suas decisões essenciais – a reforma litúrgica – seja posta em dúvida. Tal receio não tem fundamento." (Carta aos Bispos)

O Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, já havia escrito (em "O Sal da Terra):

"A meu ver, devia-se se deixar seguir o rito antigo com muito mais generosidade àqueles que o desejam. Não se compreende o que nele possa ser perigoso ou inaceitável. Uma comunidade põe-se em xeque quando declara como estritamente proibido o que até então tinha tido como o mais sagrado e elevado, e quando considera, por assim dizer, impróprio o desejo desse elemento. Pois em que se poderá acreditar ainda do que ela diz? Não voltará a proibir amanhã o que hoje prescreve? (...) Infelizmente, entre nós, a tolerância de experiências aventureiras é quase ilimitada; contudo, a tolerância a liturgia antiga é praticamente inexistente. Desse modo, está-se certamente no caminho errado."

Mito 04: "Para celebrar a Missa Tridentina é preciso autorização do Bispo local"

Não precisa.

Com o Motu Próprio Summorum Pontificum, o Santo Padre Bento XVI liberou universalmente a celebração da Missa Tridentina (antes, ela estava restrita à autorização dos bispos locais).

Comentário Sobre Estes Mitos:

O que significou este ato do Papa, ao liberar universalmente a Missa Tridentina, é que Doutrina Católica sobre a Santa Missa, evidentemente, não muda, pois o Sagrado Magistério da Igreja é infalível em matéria e moral (ver Catecismo da Igreja Católica, n. 2035); e a Santa Missa continua sendo a mesma coisa para a Santa Igreja, seja ela celebrada na forma tridentina do Rito Romano ou na forma aprovada pelo Papa Paulo VI.

Pois a Santa Missa é Renovação do Único e Eterno Sacrifício de Nosso Senhor, consumado de uma vez por todas na cruz, tornado presente no altar e oferecido ao Pai Eterno, pelas mãos do sacerdote, como afirma o Catecismo da Igreja Católica (Cat.), nos números 1362-1372; 1411; e é onde Nosso Senhor se faz presente verdadeiramente e substancialmente no Santíssimo Sacramento do Altar, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, nas aparências do pão e do vinho, como afirma o Catecismo da Igreja Católica (Cat. n. 1374-1377)

Como escreveu o Santo Padre na época que era Prefeito da Sagrada Congregação para Doutrina da Fé, é possível que a situação de termos dois ritos (ou "duas formas" de um único rito, segundo a terminologia que ele preferiu utilizar no documento recentes) seja provisória. São palavras dele (Carta do Cardeal Ratzinger ao teólogo Heins Lothar Barth):

"Creio que no futuro a Igreja romana deverá ter um só rito; a existência de dois ritos é dificilmente "gerível" pelos Bispos e padres. O rito romano do futuro deveria ser um só rito, celebrado em latim ou em língua popular, mas baseado inteiramente na tradição do rito antigo; ele poderia integrar alguns novos elementos que passaram bem pelaprova, alguns prefácios, leituras mais longas -- mais escolhidas que antes, mas não demais -- uma "Oratio fidelium", quer dizer uma ladainha de orações de intercessão após o Oremus e antes do Ofertório, onde era o seu lugar primitivo."

Disse ainda o Papa na Summorum Pontificum:

"O Missal Romano promulgado por Paulo VI deve ser considerado como a expressão ordinária da lei da oração (lex orandi) da Igreja Católica de Rito Romano, enquanto que o Missal Romano promulgado por São Pio V e publicado novamente pelo Beato João XXIII como a expressão extraordinária da lei da oração ( lex orandi) e em razão de seu venerável e antigo uso goze da devida honra."

E ainda:

"O uso do Missal antigo pressupõe um certo grau de formação litúrgica e o conhecimento da língua latina; e quer uma quer outro não é muito freqüente encontrá-los. Por estes pressupostos concretos, já se vê claramente que o novo Missal permanecerá, certamente, a Forma ordinária do Rito Romano, não só porque o diz a normativa jurídica, mas também por causa da situação real em que se encontram as comunidades de fiéis."

Sendo que nos últimos 35 a Santa Missa foi celebrada praticamente somente na forma aprovado pelo Papa Paulo VI, é natural que esta forma continue à ser a forma ordinariamente celebrada; ainda mais pelo fato de que a Missa Tridentina celebrada somente em latim, o que naturalmente concede à ela uma presença mais limitada hoje por nem todos possuírem este conhecimento litúrgico e da língua latina, como o próprio Santo Padre fala.

Outro ponto a se destacar, em relação a Missa Tridentina, é a respeito dos jovens.

Diz o Papa:

"Logo a seguir ao Concílio Vaticano II podia-se supor que o pedido do uso do Missal de 1962 se limitasse à geração mais idosa que tinha crescido com ele, mas entretanto vê-se claramente que também pessoas jovens descobrem esta forma litúrgica, sentem-se atraídas por ela e nela encontram uma forma, que lhes resulta particularmente apropriada, de encontro com o Mistério da Santíssima Eucaristia." (Carta aos Bispos)

Que a Grande Mãe de Deus, Mãe da Eucaristia, pela Sua Poderosa Intercessão, nos conceda a graça de crer, adorar, amar e zelar pelo Santíssimo Corpo do Deus-Amor Sacramentado, pelo Santo Sacrifício da Missa e por toda a Sagrada Liturgia da Igreja

domingo, 1 de abril de 2012

Mitos Litúrgicos - Mito 03: Usar Casula?

Este estudo é baseado no artigo "Mitos Litúrgicos", Que Escrevi e Foi Revisado por Sua Excelência Reverendíssima Antonio Carlos Rossi Keller, Bispo da Diocese de Frederico Westphalen (RS). O artigo lista 32 idéias equivocadas sobre a Sagrada Liturgia e contra-argumento com a palavra oficial da Santa Igreja.



Mito 18: "O Sacerdote Usar Casula é Algo Ultrapassado?"

Não é.

A casula é o paramento sacerdotal próprio para o Santo Sacrifício da Missa. É o mais solene, varia de cor conforme a prescrição para a celebração em específicoe vai sobre a alva e estola.

Infelizmente, tem se tornado moda em muitos lugaresque muitos sacerdotes celebrem usando apenas a alva e a estola, enquanto ascasulas mofam nos armários.

A Instrução Geral do Missal Romano (n. 119) determina que o sacerdote utilize: amito, alva, estola, cíngulo e casula (amito e cíngulo podem ser dispensáveis,conforme o formato da alva).

A Instrução Redemptinis Sacramentum determina ainda que, sendo possível, inclusive os sacerdotes concelebrantes utilizem a casula (n. 124-126):

"No Missal Romano é facultativo que os sacerdotes que concelebram na Missa,exceto o celebrante principal (que sempre deve levar a casula da cor prescrita),possam omitir «a casula ou planeta, mas sempre usar a estola sobre a alva»,quando haja uma justa causa, por exemplo o grande número de concelebrantes e afalta de ornamentos. Sem dúvida, no caso de que esta necessidade se possaprever, na medida do possível, providencie-se as referidas vestes. Os concelebrantes, a exceção do celebrante principal, podem também levar a casulade cor branca, em caso de necessidade. (...) Seja reprovado o abuso de que os sagrados ministros realizem a santa Missa, inclusive com a participação de só umassistente, sem usar as vestes sagradas ou só com a estola sobre a roupa monástica, ou o hábito comum dos religiosos, ou a roupa comum, contra oprescrito nos livros litúrgicos. Os Ordinários cuidem de que este tipo de abusossejam corrigidos rapidamente e haja, em todas as igrejas e oratórios de suajurisdição, um número adequado de vestes litúrgicos, confeccionadas de acordo com as normas."

Embora haja para o Brasil a concessão de o sacerdote celebrar apenas utilizando alva e estola quando houver razões pastorais (ver comentário do Pe. JesúsHortal, SJ, à respeito do cânon 929, no Código de Direito Canônico editado pela Loyola), de forma alguma pode-se dizer que o uso da casula é ultrapassado, como foi demonstrado acima.

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"No meio dos candelabros, alguém semelhante ao Filho do Homem, vestindo longa túnica até os pés, cingido o peito por um cinto de ouro." (Apocalipse 1,13)
"Está vestido com um manto tinto de Sangue, e Seu Nome é Verbo de Deus. Seguiam-no em cavalos brancos os exércitos celestes, vestidos de linho, fino e de uma brancura imaculada." (Apocalipse 19, 13-14)

Comentário sobre este Mito (03/09):

O Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, em seu fabuloso livro "Introdução ao Espírito da Liturgia", faz uma reflexão muito profunda a respeito do significado espiritual da casula.

Entre outras coisas, ele escreve:

"A veste litúrgica usada pelo sacerdote durante a celebração da Sagrada Eucaristia deve, em primeiro lugar, demonstrar que ele não se encontra lá em privado, mas que está lá no lugar de alguém - de Cristo. O seu privado e individual devem desaparecer, a fim de conceder espaço a Cristo. - essas palavras pronunciadas por São Paulo após a sua própria experiência com Cristo, como expressão do novo que sente a pessoa batizada (Gl 2,20), são de uma importância específica para o sacerdote celebrante. Não é ele o importante, pois quem ele transmite é Cristo e não a sua própria pessoa. Ele deve fazer de si o instrumento de Cristo, que não age por si, mas sim como mensageiro de outra pessoa - in Persona Christi, como diz a tradição litúrgica."

Pois é através do Sacerdote, que atua "in Persona Christi" (na Pessoa de Jesus Cristo, por graça participando ministerialmente do Seu Sacerdócio; ver Catecismo n. 1667-1673), que Nosso Senhor Jesus Cristo se oferece e se faz presente de forma real e substanciual no Santíssimo Sacramento do Altar, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, nas aparências do pão e do vinho, como afirma o Catecismo da Igreja Católica (Cat.), nos números 1374-1377. Isso se dá durante a Santa Missa, que é a renovação do Seu Único e Eterno Sacrifício, consumado de uma vez por todas na cruz e tornado presente no altar, pelas mãos do sacerdote (Cat. 1362-1372; 1411).

No mesmo livro citado, o Papa faz uma retrospectiva histórica a respeito do significado da veste litúrgica:

"Pensa-se que a imagem de se revestir de Cristo foi formada nas consagrações dos cultos místicos, em analogia com o culto de vestir máscaras das respectivas divindades. Paulo não fala nem de máscaras nem de ritos, antes de um processo de transformação interior, que tem por objetivo tanto a renovação interior do homem à imagem de Deus como a união dos homens. Tal superação seria a superação das barreiras que crescem e sempre crescerão na história do pecado dos homens. Daí que a imagem de revestir-se de Cristo seja uma imagem dinâmica, que aspira à transformação dos homens e do mundo - ou seja, à nova humanidade. A veste litúrgica evoca o tornar-se como Cristo e a comunidade nova que nasce daí. Ela desafia o sacerdote a pôr-se no caminho para sair da sua própria existência, a fim de se tornar novo com Cristo. Isso lembro os participantes do caminho novo que se iniciou no Batismo e que conitnua na Eucaristia runo ao mundo novo, devendo delinear-se no nosso quotidiano mediante o Sacramento."

Continua o Papa:

"A veste litúrgica indica para além do significado das vestes exteriores - ela é a antecipação do vestido novo, do Corpo Ressuscitado de Jesus Cristo, a caminho do novo que nos espera depois da destruição e que será a nossa morada eterna."

E completa:

"Para os Padres, a história do Filho Pródigo regressado era a história da queda de Adão, da falência do homem (Gn 2,7). Eles entenderam a parábola de Jesus como a mensagem do regresso a casa e da reconciliação dos homens entre si: aquele que regressou a casa em Fé recebe de volta a veste primordial e será revestido da Piedade e do Amor de Deus, que constinuem a verdadeira beleza."

E nós, o que vamos fazer diante deste maravilhoso significado espiritual e litúrgica da casula?

Desvalorizá-la como se fosse algo qualquer?

Deixar de usá-la para se "prender ao essencial"? Mas...ela aponta para o essencial, como vimos nas palavras do Papa!

Pelo contrário: é preciso que mergulhemos no significado litúrgico da casula, e da própria valorização que a Sagrada Liturgia dá aos sinais externos.

Negar isso implicaria colocar-se em contraposição com grandes parte das normas litúrgicas da Santa Igreja, bem como com os diversos sinais e símbolos litúrgicos (paramentos, velas, flores, incenso, gestos do corpo, etc), que partem da necessidade de se manifestar com sinais externos a fé católica a respeito do que acontece no Santo Sacrifício da Missa, bem como manifestar externamente a honra devida a Deus. A atitude interna é fundamental, mas desprezar as atitudes externas é um erro.

O Papa liga ainda o uso da casula ao que ele chama de "verdadeira beleza", que é a "Piedade e o Amor de Deus".

Esta questão da "beleza litúrgica", que se faz tão presente no uso da casula, ele mesmo abordou na sua fabulosa Encílica Sacramentum Caritatis (n 35), onde o Papa diz:

"A relação entre mistério acreditado e mistério celebrado manifesta-se, de modo peculiar, no valor teológico e litúrgico da beleza. De facto, a liturgia, como aliás a revelação cristã, tem uma ligação intrínseca com a beleza: é esplendor da verdade (veritatis splendor). (...) Jesus Cristo mostra-nos como a verdade do amor sabe transfigurar inclusive o mistério sombrio da morte na luz radiante da ressurreição. Aqui o esplendor da glória de Deus supera toda a beleza do mundo. A verdadeira beleza é o amor de Deus que nos foi definitivamente revelado no mistério pascal. A beleza da liturgia pertence a este mistério; é expressão excelsa da glória de Deus e, de certa forma, constitui o céu que desce à terra."

E completa o Papa (n.35):

"Concluindo, a beleza NÃO É UM FATOR DECORATIVO da acção litúrgica, mas seu ELEMENTO CONSTITUTIVO, enquanto atributo do próprio Deus e da sua revelação. Tudo isto nos há-de tornar conscientes da atenção que se deve prestar à acção litúrgica para que brilhe segundo a sua própria natureza."

Eu particularmente considero a casulas, juntamente a capa-magna (paramento que sacerdote ou diácono utilizam em exposição do Santíssimo Sacramento abaixo do véu-umeral, e se assemelha a capa de um rei), comos paramentos mais belos e esplendorosos que temos na Sagrada Liturgia.
As minhas casulas praferidas são as azuis (nos locais onde há a concessão para usá-las em certas datas marianas), as douradas (esplendorosas!) e as com figuras de flores, que são muito tradicionais - vejo também, nas casulas com flores, algo de "celeste" e de "presença mariana" que envolvem totalmente o Cristo Sacerdote.

Toda essa questão dos materiais nobres nos vasos sagrados que falamos em postagem anterior, do uso da casula que falamos aqui, e da qualidade artística dos demais materiais litúrgicos, fazem parte do dar o melhor para Deus.

No caso da casula, muitas vezes não se utiliza porque não se quer (e ela mofa no armário). Mas tenho visto que, outras vezes, principalmente em eventos (por exemplo, encontros deevangelização, encontros de jovens, retiros...) fora de paróquias, não se usa porque não se tem casula ali. E porque não se tem? Talvez porque não haja uma atenção especial para este ponto, e penso que é um ponto que em muitos lugares podemos avançar.

Tenho participado com certa frequência de equipes que servem na Liturgia em encontros como esses, e vejo que muitas vezes as pessoas se surpreendem em ver certo tipo de preocupação litúrigica nossa com coisas muitas vezes vistas como "desnecessárias": providenciar um "altar de qualidade" quando o Santo Sacrifício da Missa é fora de lugar sagrado, providenciar (e carregar para o local!) materias litúrgicos da melhor qualidade possível, desde paramentos até castiçais e flores para ornamentar altar...

O raciocínio que faço é muito simples. Nesses eventos, se costuma dedicar-se tanto para: oferecer uma comida de qualidade nas refeições; limpar o lugar do encontro; decorar o lugar do encontro; conseguir os melhorese quipamentos de som (mesmo que custe dinheiro), levar os melhores instrumentos,ensair as músicas e invertir tempo nisso (quem é músico sabe!), ter um cuidado todo especial na afinação dos intrumentos...e tudo isso é importante, claro! Mas porque uma equipe que cuida da Liturgia não dedicar-se também em fazer o melhor possível para preparar o Culto Divino? Inclusive no tempo investido, nos materiais preparados e carregados?

Dei essa volta toda para ilustrar o ponto que quero chegar: que nesta questão da casula e da qualidade dos materiais litúrgicos, que tanto temos falado nestas postagens, ao prepararmos o Culto Divino, sejamos movidos pelo verdadeiro "espírito da Liturgia" (termo do título do livro do Santo Padre), e NÃO pelo desleixo, que leva a "dessacralização" (tratar o sagrado como se não fosse sagrado), termo que o saudoso Papa João Paulo II usou na carta Dominicae Cenae (n.8).

Um caminho leva para a dessacralização. O outro caminho, para a Sacralidade, como fala o Papa João Paulo Paulo (Dominicae Cenae, n.8).
E aí vemos a riqueza dos sinais litúrgicos:

- algo de especial que acontece (a Presença Real e Substancial de Nosso Senhor na Hóstia Consagrada, a Renovação do Santo Sacrifício de Nosso Senhor na Missa!)

- celebrado por alguém que, por Misericórdia de Deus, recebeu uma graça especial (o Sacramento da Ordem) e é "Persona Christi"

- celebrado em um lugar especial (nas igrejas, capelas e oratórios, que são a Casa de Deus...)

- preparado de uma forma especial (a ornamentação do altar e do local, as velas, as flores...)

- utilizando-se uma veste especial (a casula no caso dos sacerdotes, a batina e sobrepeliz dos acólitos, o véu das mulheres que reverentemente optam em usá-lo por amor...)

E que tudo isso, é claro, seja acompanhado pelo nosso amor a Deus!
Que as velas que se consomem no altar sejam nossa vida consumindo-se por amor a Nosso Senhor! Que o incenso seja o perfume da nossa adoração que sobe ao céu!
Que o "ouro" dos cálices e cibórios seja o "ouro" de um coração que adora a Deus!
Que o vestir as casulas, alvas, batinas, sobrepelizes, capas, véus, seja a nossa atitude de querer revestir-se do Espírito Santo...

Uma objeção que muitas vezes se coloca ao uso da casula é a questão da humildade... "não vou usar, porque preciso ser humilde."

Ora, essa objeção não se sustenta. Se há uma vaidade no "estou usando a casula", também há uma vaidade no "estou me despojando e não usando".

Como colocamos acima, com as citações dos gigantes Bento XVI e João Paulo II, a casula e toda a beleza litúrgica precisa apontar para Deus, e não para nós. É uma questão de mudança de percepção. E como filhos e filhas da Santa Igreja, é ato de humildade agirmos como nossa Santa Mãe Igreja deseja e a tem em sua tradição litúrgica.

Aliás, esse pensamento de "não usar casula para de despojar" parece ser o mesmo tipo da tentação de: "Vou deixar de rezar o Rosário para não me envaidecer" ou "Deus me deu o dom de pregar, mas não vou pregar para não me envaidecer".

Ora, se há uma vaidade no rezar o Rosário ou no pregar a Palavra de Deus, também há vaidade no "estou me despojando e não fazendo isso".

Somos homens e não anjos, temos concupiscência (a tendência ao pecado que é consequência do pecado original), e há algo de vaidade ou outro tipo de desordem em absolutamente tudo o que fazemos, mesmo que tenhamos as melhores intensões, como afirmam os santos autores espirituais. São Luis Maria Montfort (Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, n.78), por exemplo, diz que "nossa melhores ações são ordinariamente manchadas e corrompidas pelo fundo de maldade que há em nós." O que precisamos é não deixar que essa maldade, sempre presente, domine o que fazemos; e sim, que nosso Amor a Deus domine.

Tais tentações são um artifício em que o Demônio usa dos nossos escrúpulos para impedir que façamos a Vontade de Deus: rezando o Santo Rosário, talvez pregando a Palavra de Deus, valorizando o esplendor da Sagrada Liturgia...

Por último, retomamos um alerta:

Existe uma Revolução Cultural Anticristã, em processo em nossa sociedade, quer abolir na sociedade as justas desigualdades e hierarquias (Cat., n. 874-896), e a teologia modernista quer abolir o Sacerdócio, igualando a figura do sacerdote a qualquer outro leigo.

Muitos liturgistas adeptos da teologia modernista, ou influenciados por ela, e que com as suas novas interpretações litúrgicas pretendem negar ou ofuscar os Mistérios da Presença Real e Substancial de Nosso Senhor na Hóstia Consagrada, da Santa Missa como Renovação do Sacrifício de Nosso Senhor e do Sacerdócio Ministerial.

Nestes casos, é ignorada a essência mística do Sacerdócio, e o sacerdote é rebaixado a ser, simplesmente, alguém que ocupa um cargo à frente de uma comunidade. Neste aspecto, é o mesmo igualitarismo revolucionário que no séc. XVI os protestantes fizeram, atentando contra a hierarquia da Santa Igreja, instituída por Nosso Senhor.Há destes liturgistas que conhecem bem o poder dos símbolos e da linguagem para a alma humana, e o utilizam em suas estratégias.

Muitos vezes, são exemplos disso (nos limitamos aqui aos exemplos estritamente relacionados à forma de vestir dos sacerdotes dentro e fora das celebrações):

- os sacerdotes andarem "vestidos de leigos" – não usarem nem batina nem clergyman (ou hábito religioso, no caso dos sacerdotes religiosos). Em tempo: o Código de Direito Canônico determinada que os cléricos usem veste clerical (cânon 284).

- os sacerdotes usarem cada vez menos paramentos na Santa Missa, deixando de usar a casula, que é o paramento próprio para a Santa Missa, e usando apenas somente alva e estola (e por vezes nem isso!) – enquanto os leigos usam cada vez mais "vestes litúrgicas" – e estranhamente, em vários lugares, "vestes de leitor" que parecem casulas.
Ocorrem dois processos similares e igualitaristas: a laicização do clero e a clericalização do leigo.

É preciso percebermos este perigoso movimento cultural, teológico e litúrgico, e reagirmos.

Nas aparições da Santíssima Virgem em Fátima (Portugal, 1917), oficialmente reconhecidas pela Santa Igreja, quando o Anjo apareceu para as crianças, antes da Virgem aparecer, ele trazia consigo uma Hóstia Consagrada. Prostrando-se por terra, ensinou a elas a seguinte oração:

"Meu Deus: eu creio, adoro, espero-vos e amo-vos. Peço-vos perdão por aqueles que não crêem, não adoram, não esperam e não vos amam."

Que a Grande Mãe de Deus, Mãe da Eucaristia e Mãe dos Sacerdotes, pela Sua Poderosa Intercessão, nos conceda a graça de crer, adorar, amar e zelar pelo Santíssimo Corpo do Deus-Amor Sacramentado, pelo Santo Sacrifício do Altar e pelo Sacerdócio...

"No meio dos candelabros, alguém semelhante ao Filho do Homem, vestindo longa túnica até os pés, cingido o peito por um cinto de ouro." (Apocalipse 1,13)

"Está vestido com um manto tinto de Sangue, e Seu Nome é Verbo de Deus. Seguiam-no em cavalos brancos os exércitos celestes, vestidos de linho, fino e de uma brancura imaculada." (Apocalipse 19, 13-14)

O Uso do Véu Como Um Sacramental!!!


O uso do véu pode ser considerado um sacramental. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “quase não há uso honesto de coisas materiais que não possa ser dirigido à finalidade de santificar o homem e louvar a Deus.” (§1670). O uso do sacramental não é essencial, portanto, à salvação, mas um auxílio. Exemplos de sacramentais são a água benta, medalhinhas, o escapulário.
O uso do véu não é expressamente ordenado, mas é recomendado como uma prática de piedade, caso a mulher se sinta chamada a isso. Se a mulher lê as passagens bíblicas a esse respeito e sente o Espírito Santo movê-la, deve primeiramente orar e discernir a respeito.
É muito importante que um sacramental seja utilizado pelas razões certas, ou seja, para o crescimento espiritual do portador. Superstição, pressão do grupo, vaidade, nada disso são razões válidas para se usar o véu. Um bom teste a se fazer é se perguntar: “Se o Papa banisse o uso do véu amanhã, eu estaria disposta a obedecer?” Se a resposta for sim, então essa é a atitude correta. No final das contas, o uso do véu tem a ver com obediência a Deus e a seus representantes. Obediência, como dizia São Bento, é a prova de fogo para a santidade. Uma pessoa verdadeiramente humilde e santa obedece aqueles que foram designados para dirigi-la.
Voltando ao conceito de sacramental, é imporante a atitude honesta diante de Deus, e o uso honesto de coisas materiais, de modo a ordená-las para a finalidade de glorificar a Deus. O uso do véu tem a finalidade de levar a mulher a desenvolver atitudes próprias de humildade e adoração a Jesus, da mesma forma que o uso do escapulário é uma devoção que promove a piedade.
Por fim, pode-se concluir que o uso do véu é, antes de tudo, um chamado, um carisma. Cada um tem suas necessidades, seu processo de crescimento espiritual. A Igreja, mãe generosa, oferece vários meios de prover a essas necessidades, através de suas muitas formas de devoção e dos sacramentais, que, se praticados corretamente, levam o fiel à maturidade espiritual. Ademais, o hábito de usar o véu ajuda a mulher a compreender sua vocação e identidade, seu lugar na criação e na Nova Aliança, o Santo Sacrifício, bem como a real importância destes.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Para Não Tornar Inútil o Jejum!!!



Um artigo do Arquimandrita. Manuel Nin, Reitor do Pontifício Colégio Grego de Roma, e sacerdote católico de rito bizantino, sobre o jejum e a Quaresma, nos chega do Oblatvs, via Sinaxe, o blog sobre ritos orientais do Philippe Gebara, que em breve embarcará para o Líbano, onde será recebido como aluno do Seminário Patriarcal Melquita.

“Jejuando de alimentos, ó minha alma, sem que te purifiques das paixões, em vão te alegras pela abstinência, porque se esta não se torna para ti ocasião de correção, como mentirosa, tendes ódio a Deus e te tornas semelhante aos pérfidos demônios que jamais se alimentam. Não tornais, pois, inútil o jejum, pecando, mas permanecei firme sob os impulsos desregrados, considerando que estás junto do Salvador crucificado, ou melhor, estás crucificada junto d’Aquele que por ti foi crucificado, gritando-lhe: recorda de mim, Senhor, quando vieres no teu reino”. Este tropário da terceira semana da pré-quaresma na tradição bizantina resume de modo incisivo o que é o período quaresmal de cada uma das tradições cristãs: o jejum e a abstinência são vãos se não correspondem a uma verdadeira conversão do coração.

Na tradição bizantina, o período de dez semanas que precede a Páscoa é chamado “Triodion” – nome que indica as três odes bíblicas cantadas no ofício da manhã – e compreende a pré-quaresma e a quaresma. O período pré-quaresmal é comum a todas as tradições litúrgicas cristãs, do “Triodion” bizantino, ao “Jejum dos ninivitas” siríaco, ao “Jejum de Jonas” dos coptas, à “Septuagésima” na antiga tradição latina. A quaresma bizantina propriamente dita compreende quarenta dias – da segunda-feira da primeira semana à sexta-feira antes do Domingo de Ramos – e desenvolve as semanas de segunda-feira a domingo, apresentando o caminho semanal em direção ao domingo, como modelo da própria quaresma em direção à Páscoa. Faz ainda uma clara distinção entre o sábado e o domingo e os outros dias: nos primeiros se celebra a Divina Liturgia (aos domingos com a Anáfora de São Basílio, aos sábados com a de São João Crisóstomo), enquanto nos dias de semana celebra somente o ofício das horas, com o acréscimo durante as vésperas de quarta-feira e sexta-feira da Liturgia dos Pré-santificados, isto é a comunhão com o Corpo e o Sangue do Senhor consagrados no domingo precedente.

A quaresma bizantina é um período muito rico na escolha dos textos bíblicos: salmos, leituras; na hinografia e nas leituras dos padres. Os textos hinográficos se concentram sobretudo no tema da alma humana, dominada pelo pecado, que encontra, por meio da quaresma, a possibilidade de salvação. Nos quatro domingos da pré-quaresma encontramos os grandes temas que marcam o percurso quaresmal: a humildade (domingo do publicano e do fariseu); o retorno a Deus misericordioso (domingo do filho pródigo); o juízo final (domingo de carnaval), o perdão (domingo dos laticínios). Neste último domingo, comemora-se a expulsão de Adão do paraíso: Adão, criado por Deus para viver em comunhão com Ele no paraíso, é dele expulso por causa do pecado, mas na quaresma começa o caminho de retorno que culminará quando o próprio Cristo, no mistério pascal, desce aos infernos e lhe dá sua mão para arrancá-lo da morte e reconduzi-lo ao paraíso, que é quase personificado na oração da Igreja. No final da véspera do quarto domingo se celebra o rito de perdão com o qual se inicia a quaresma.

A quaresma dura quarenta dias, com cinco domingos. Em cada um deles vemos um duplo aspecto: de uma parte as leituras bíblicas que preparam para o batismo, de outra os aspectos históricos ou hagiográficos. No domingo da ortodoxia, a vocação de Felipe e Natanael é modelo da vocação de todo ser humano e se celebra o triunfo da ortodoxia sobre o iconoclasmo e o restabelecimento da veneração dos ícones. No domingo de São Gregório Palamas se recorda a fé do paralítico curado por Cristo [Nota minha: e se veneram as relíquias dos santos]. O domingo da exaltação da santa Cruz é dedicado à veneração da Cruz vitoriosa de Cristo, levada solenemente ao centro da Igreja e venerada pelos fiéis durante toda a semana como sinal de vitória e de alegria, não de sofrimento. No domingo de São João Clímaco, modelo de ascese, celebra-se a cura do endemoninhado, e no de Santa Maria Egípcia, modelo de arrependimento, o anúncio da ressurreição. No sábado da quinta semana se canta o hino “Akathistos”, ofício dedicado à Mãe de Deus.

A sexta e última semana da quaresma, chamada de Ramos, tem como centro a figura de Lázaro, o amigo do Senhor, desde o momento da doença até a morte e à sua ressurreição. Os textos litúrgicos nos aproximam daquilo que se manifestará plenamente nos dias da Semana Santa, isto é, a filantropia de Deus manifestada em Cristo, o seu amor real e concreto pelo homem. Toda a semana se enquadra na contemplação do encontro, já próximo, entre Jesus e a morte, a do amigo em primeiro lugar, e sua própria na semana seguinte. Os textos litúrgicos visam a nos envolver neste caminho de Jesus em direção a Betânia, em direção a Jerusalém. Na liturgia bizantina jamais somos expectadores, mas sempre participantes e concelebrantes, presentes na liturgia e no evento de salvação que a liturgia celebra. Com as vésperas do sábado de Lázaro se conclui o período quaresmal.

Ao longo de toda a quaresma, a tradição bizantina recita, ao final de todas as horas do ofício, a oração atribuída a Santo Efrém, o Sírio, que resume o caminho de conversão de todo cristão: “Senhor e soberano de minha vida, que não me dês [ou em outra tradução "afaste de mim..."] um espírito de preguiça, de indolência, de soberba, de vanglória. Dá-me, a mim teu servidor, um espírito de sabedoria, de humildade, de paciência e de amor. Sim, Senhor e rei, dá-me enxergar os meus pecados e não condenar o meu irmão, a fim de que sejas bendito pelos séculos”.

Por que o IV Domingo da Quaresma é o Domingo "Lætare"?


Cada Santa Missa é Identificada, Com Precisão, de Acordo Com a Posição Que Ocupa no Calendário Litúrgico. Assim, ao assistirmos ao sacrifício, sabemos que aquela Liturgia é, por exemplo, a da Quinta-feira da 27ª Semana do Tempo Comum; ou então, a do Primeiro Domingo da Quaresma; ou a da Solenidade de Pentecostes; e assim por diante.

Algumas Missas, além de trazerem esta identificação, receberam da tradição um nome adicional que poderíamos até entender como um “apelido”. Não são muitas.

Por exemplo: dá-se o nome de Requiem à Missa celebrada em memória dos fiéis defuntos. Inúmeros compositores, ao longo dos séculos, colocaram em música o Próprio desta Missa, e é suficiente escrever na capa da partitura: Requiem; todos já sabem do que se trata.

E esse “apelido” foi dado porque Requiem é a primeira palavra do Introito. Ao se abrir um Missal latino, dá-se de cara, imediatamente, com essa palavra. Muito lógico, então:Missa de Requiem.




Dois outros casos muito conhecidos ocorrem um no Advento e o outro na Quaresma. Estes dois tempos litúrgicos são penitenciais, cada um com suas peculiaridades. Entretanto, o penúltimo Domingo de cada um destes tempos é um pouco menos penitencial, com certos aspectos que nos vêm lembrar que a alegria está chegando (o Natal, num caso, e a Páscoa da Ressurreição, no outro).

Portanto, dos quatro Domingos do Advento, o terceiro é esse Domingo de certa alegria: chama-se Domingo Gaudete – porque gaudete é a primeira palavra do Introito.




Dos Cinco Domingos da Quaresma, o Quarto é Que Antecipa Um Pouco o Júbilo: chama-se Domingo Lætare – porque seu Introito começa com a palavra lætare.

O texto é conforme Is 66, 10-11: alegrai-vos, Jerusalém, reuni-vos, todos que a amais; regozijai-vos com alegria, vós que estivestes na tristeza; exultai e sereis saciados com a consolação que flui de seu seio.

Em latim: lætare, Ierusalem, et conventum facite omnes qui diligites eam; gaudete cum lætitia, qui in tristitia fuistis; ut exsultetis, et satiemini ab uberibus consolationis vestræ.

Abaixo, a partitura do Introito. Duas opções para ouvi-lo: no vídeo colocado depois da partitura ou neste conhecido site, em que o leitor poderá ouvir os monges do Mosteiro de São Bento de São Paulo cantando não só o Introito, mas todo o Próprio do Quarto Domingo da Quaresma.

Igreja Católica de Santo André (FSSP) – Edinburgo, Escócia

sábado, 10 de março de 2012

Jejum e Abstinência!!!


Jejum e Abstinência!!!

Estão obrigados á lei da abstinência aqueles que tiverem completada 14 anos de idade;  estão obrigadas à lei do jejum todas os maiores de idade (quem completou 18 anos) até os 60 anos começados. Todavia, os pastares de almas e pais cuidem para que sejam formadas para o genuíno sentido da penitência também os que não estão obrigados à lei do jejum em razão da pouca idade (cân. 1252).
1. Toda sexta-feira do ano é dia de penitência, a não ser que coincida com solenidade do calendário litúrgico. Os fiéis nesse dia se abstenham de carne ou outro alimento, ou pratiquem alguma obra de caridade, principalmente exercício de piedade;
2. A Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa, memória da Paixão e Morte de Cristo, são dias de jejum e abstinência. A abstinência pode ser substituída pelos próprios fiéis por outra prática de penitência ou piedade, particularmente pela participação nas Sagradas Liturgia(Legislação complementar da CNBB quar e 1253).

Tempo da Quaresma!!!


249. A observância anual da Quaresma é tempo favorável pelo qual se sobe ao monte santo da Páscoa. Pela
sua dupla característica, o tempo quaresmal prepara os catecúmenos e os fiéis para a celebração do mistério
pascal.
Os catecúmenos, pela eleição e escrutínios e também pela catequese, são conduzidos aos sacramentos
da iniciação cristã; os fiéis, ouvindo de forma mais intensiva a Palavra de Deus e aplicando-se mais à oração,
preparam-se, pela penitência, para renovar as promessas do batismo.
250. O Bispo tenha, portanto, a peito fomentar a preparação dos catecúmenos.
251. Através da catequese, inculque-se no espírito dos fiéis, juntamente com as conseqüências sociais do
pecado, aquela natureza genuína da penitência que leva a detestar o pecado como ofensa a Deus. Não se
ponha de parte o papel da Igreja na ação penitencial e insista-se na oração pelos pecadores. A penitência
quaresmal não há de ser meramente interna e individual, mas também externa e social, orientada para as
obras de misericórdia da favor dos irmãos.
Aos fiéis recomende-se participação mais intensa e frutuosa na liturgia quaresmal e nas celebrações
penitenciais. Exortem-se principalmente a que, de acordo com a lei e tradições da Igreja, se aproximem-se
neste tempo do sacramento da Penitência, para, purificados poderem participar das alegrias do domingo da
Ressurreição. Muito convém que, no tempo da Quaresma, o sacramento da Penitência seja celebrado de
forma mais solene, como vem descrito no Ritual Romano.
252. Durante este tempo, é proibido ornar o altar com flores, e o toque dos instrumentos musicais só é
permitido para sustentar o canto.
Excetuam-se o domingo Laetare (IV da Quaresma), bem como as solenidades e festas. No domingo
Laetare, pode-se usar o cor-de-rosa.


Celebrações Quaresmais

260. Todos os aspectos da observância quaresmal procuram igualmente pôr em destaque e fomentar a vida
da igreja local. Por isso, é muito de recomendar também se conserve e fomente aquela forma tradicional de
reunir a Igreja local à maneira das “estações” romanas, pelo menos nas grandes cidades, da forma mais
adequada a cada lugar. Estas assembléias de fiéis poderão reunir-se, mormente quando presididas pelo Pastor da diocese, aos domingos ou noutros dias mais convenientes da semana, quer junto dos túmulos dos Santos, quer nas principais igrejas ou santuários da cidade, quer ainda em lugares de peregrinação mais frequentados na Diocese.
261. Se, conforme as circunstâncias de tempo e lugar, houver procissão antes da Missa celebrada em tais
assembléias de povo, far-se-á a concentração ou “coleta” numa igreja menor ou noutro lugar apropriado fora da igreja para a qual se dirige a procissão.
No lugar mais conveniente, o Bispo veste os paramentos de cor roxa, requeridos pela Missa. Em vez
de casula, pode revestir o pluvial, que tira, acabada a procissão. Recebe a mitra simples e o báculo, e, com os Ministros e, se for o caso, com os concelebrantes paramentados para Missa, dirige-se ao local da “coleta”enquanto se executa um canto apropriado.
Terminado o canto, o Bispo depõe o báculo e a mitra e saúda o povo. Depois de breve monição feita
por ele próprio ou por um dos concelebrantes ou pelo diácono, recita, de mãos estendidas, a coleta do
mistério da Santa Cruz, pela remissão dos pecados, ou pela Igreja, especialmente local, ou ainda uma das
35 orações pelo povo das que vêm no Missal. A seguir, o Bispo retoma a mitra, deita, se assim convier, incenso no turíbulo e, à voz do diácono: Vamos em paz, organiza-se a procissão em direção à igreja, enquanto se canta a Ladainha dos Santos. Na altura própria, podem inserir-se invocações do Santo Padroeiro ou Fundador e dos Santos da Igreja local. Quando a procissão chegar à igreja, todos tomam os lugares que lhes estão destinados. Ao chegar ao altar o Bispo depõe o báculo e a mitra, e venera e incensa o altar. Dirige-se depois para a cátedra, onde tira o pluvial, se o levou na procissão, e reveste a casula.
Omitidos os ritos inicias e eventualmente o Senhor reza a coleta da Missa.
A Missa continua depois como de costume.
Se o julgar mais conveniente, o Bispo pode tirar o pluvial e revestir a casula quando chegar ao altar,
antes da costumada reverência.
262. Nestas assembléias, em vez da Missa, pode-se fazer uma celebração da Palavra de Deus, ou então uma celebração penitencial, na forma indicada no Ritual Romano para o tempo da Quaresma (cf. adiante, nn. 640-643).

(Conforme o Cerimonial dos Bispos)

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Mitos Litúrgicos: Mito 02: Sacrário no Centro?


Este estudo é baseado no artigo "Mitos Litúrgicos", que escrevi e foi revisado por Sua Excelência Reverendíssima Dom Antonio Carlos Rossi Keller, Bispo da Diocese de Frederico Westphalen (RS).

"O Sacrário no centro é anti-litúrgico"

Não é.

O Santo Padre Bento XVI (Sacramentum Caritatis, n. 69) afirma que, se o Sacrário
é colocado na nave principal da Igreja, "é preferível colocar o sacrário no
presbitério, em lugar suficientemente elevado, no centro do fecho absidal ou
então noutro ponto onde fique de igual modo bem visível."

O Sacrário no centro tem, no espírito tradicional da Sagrada Liturgia, o
significado de dar a Jesus Eucarístico o destaque no lugar central.

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Comentário sobre este Mito (22/10):

É comum nós ouvirmos hoje o mito de que, após a reforma litúrgica depois do Concílio
Vaticano II, seria errado o Sacrário no centro das igreja e capela.

Isso é um equívoco, como a própria Carta Apostólica do Papa, no trecho em que citamos, bem como um simples olhar para o espírito tradicional da Liturgia.

Aliás, esta imagem que colocamos neste post é da capela privada do Papa, onde, como podemos ver, o Sacrário está no centro.

Antes de falarmos de aprofundarmos os aspectos disciplinares da questão, vamos olhar para a realidade espiritual da Eucaristia.

Para isso, continuamos a seguir, como nas postagens anterior, o Papa Bento XVI, na Carta Apostólica Sacramentum Caritatis e no seu maravilhoso livro "Introdução ao Espírito da Liturgia", onde existe um capítulo inteiro chamado (é o cap. IV do parte 2):

"A guarda do Santíssimo Sacramento".

Vamos ao cerne da questão:

Ensina-nos o Sagrado Magistério da Santa Igreja que Nosso Senhor Jesus Cristo está presente verdadeiramente no Santíssimo Sacramento do Altar, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, nas aparências do pão e do vinho, como afirma o Catecismo da Igreja Católica (Cat.), nos números 1374-1377. Ele se faz presente durante a Santa Missa, que é a renovação do Seu Único e Eterno Sacrifício, consumado de uma vez por todas na cruz e tornado presente no altar, pelas mãos do sacerdote (Cat. 1362-1372; 1411).

A respeito da importância da Adoração Eucarística, diz o Papa (Sacramentum Caritatis, n.66):

"...aconteceu às vezes não se perceber com suficiente clareza a relação intrínseca entre a Santa Missa e a adoração do Santíssimo Sacramento; uma objeção então em voga, por exemplo, partia da idéia que o pão eucarístico nos fora dado não para ser contemplado, mas comido. Ora, tal contraposição, vista à luz da experiência de oração da Igreja, aparece realmente destituída de qualquer fundamento; já Santo Agostinho dissera: « Nemo autem illam carnem manducat, nisi prius adoraverit; (...) peccemus non adorando – ninguém come esta carne, sem antes a adorar; (...) pecaríamos se não a adorássemos ». De facto, na Eucaristia, o Filho de Deus vem ao nosso encontro e deseja unir-Se conosco; a adoração eucarística é apenas o prolongamento visível da celebração eucarística, a qual, em si mesma, é o maior ato de adoração da Igreja: receber a Eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração d'Aquele que comungamos."

E continua o Papa, falando sobre a Adoração Eucarística fora da Missa, diz o Papa (Sacramentum Caritatis, n. 66):

"De fato, na Eucaristia, o Filho de Deus vem ao nosso encontro e deseja unir-Se conosco; a adoração eucarística é apenas o prolongamento visível da celebração eucarística, a qual, em si mesma, é o maior ato de adoração da Igreja: receber a Eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração d'Aquele que comungamos.Precisamente assim, e apenas assim, é que nos tornamos um só com Ele e, de algummodo, saboreamos antecipadamente a beleza da liturgia celeste. O ato de adoração fora da Santa Missa prolonga e intensifica aquilo que se fez na própria celebração litúrgica."

E ainda (n. 67):

"Juntamente com a assembléia sinodal, recomendo,pois, vivamente aos pastores da Igreja e ao povo de Deus a prática da adoração eucarística tanto pessoal como comunitária. Para isso, será de grande proveito uma catequese específica na qual se explique aos fiéis a importância deste atode culto que permite viver, mais profundamente e com maior fruto, a própria celebração litúrgica. Depois, na medida do possível e sobretudo nos centros mais populosos, será conveniente individuar igrejas ou capelas que se possam reservar propositadamente para a adoração perpétua. Além disso, recomendo que na formaçãocatequética, particularmente nos itinerários de preparação para a Primeira Comunhão, se iniciem as crianças no sentido e na beleza de demorar-se nacompanhia de Jesus, cultivando o enlevo pela sua presença na Eucaristia."

Existe uma objeção que, sem que haja uma negação expressa da doutrina católica sobre Presença Real e Subtância de Nosso Senhor na Hóstia Consagrada, é colocada por muitos que se opõe a pratica da Adoração Eucarística fora da Santa Missa:

"No primeiro milênio da Igreja não era comum a prática da Adoração Eucarística fora da Missa, e neste tempo não havia Tabernáculo para conservar o Santíssimo Sacramento".

O que pensar em relação a isso?

Responde o Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI ("Introdução ao Espírito da Liturgia"), partindo da questão do Sacrário (Tabernáculo):

"As igreja do primeiro milênio não conhecem Tabernáculo. (...) O Tabernáculo como tenda sagrada, como sítio da Schekhina, da Presença do Senhor Vivo, só se desenvolveu no segundo milênio, como fruto de esclarecimentos teológicos dolorosamente alcançados, em que se destaca nitidamente a Presença do permanente de Cristo na Hóstia transubstanciada."

E ainda, expondo e contrapondo-se as idéias "arqueologistas" (que consideram que precisaríamos retornar para as mesmas formas litúrgicas do primeiro milênio), afirma o Papa:

"Aqui atravessa-se-nos no caminho a teoria da curruptibilidade, a canonização do primordial e o romantismo do primeiro milênio. É habitual considerar que a transubstanciação (a transformação do pão e do vinho), a adoração do Senhor através do Sacramento, o Culto Eucarístico com custódia e procissão - tudo isso seriam equívocos medievais que devem ser abandonados de uma vez por todas."

E logo após, como é evidente, o Papa reafirma que a Santa Igreja sempre teve muita clareza a respeito da Presença Real e Substancial de Nosso Senhor na Hóstia Consagrada:

"Já Paulo expõe peremptoriamente a transformação do pão e do vinho em Corpo e Sangue de Cristo como um fato de ser O Ressuscitado, Ele próprio, que está aqui, oferecendo-se-nos para comer. A ênfase, com que em Jo 6 é realçada a Presena Real, quase não tem igual. Também os primeiros Padres da Igreja - referimo-ns a Justino, o Mártir, ou a Inácio de Antioquia - não tem a mínima dúvida acerca do Mistério desta Presença, que nos é oferecida na transformação dos dons na Oração Eucarística. Até um teólogo tão virado para o espiritual como Agostinho, nunca manifestou nenhuma dúvida."

E se a Adoração Eucarística fora da Missa é uma prática que se desenvolveu no segundo milênio, é importante lembrar que a ciência litúrgica, assim como outras ciências, também evoluem. É claro que NÃO em um sentido de ruptura de doutrina (pois o Sagrada Magistério da Igreja é infalível em matéria de fé e moral; ver Catecismo da Igreja Católica, n. 2035), mas em um sentido de uma consciência cada vez mais clara que a Santa Igreja, conduzida pelo Espírito Santo, adquire a respeito dela mesma.

Foram exatamente em oposição as heresias surgidas, negando a Presença Real e Substancial de Nosso Senhor na Hóstia Consagrada, que se desenvolveu com mais força o costume da adoração prolongada ao Santíssimo Sacramento e as maravilhosas procissões eucarísticas, quando os católicos saem as ruas para proclamar a sua fé eucarística: É DEUS!

Sobre este assunto, o Pe. Paulo Ricardo, da Arquidiocese de Cuiabá-MT, afirmou em sua entrevista:

"Nos tempos que correm, nós não podemos nos dar ao luxo de arqueologismos litúrgicos."

Mitos Litúrgicos - Mito 01: Missa de Frente Para Deus ou de Frente Para os Fiéis?




Este estudo é baseado no artigo "Mitos Litúrgicos", que escrevi e foi revisado por Sua Excelência Reverendíssima Antonio Carlos Rossi Keller, Bispo da Diocese de Frederico Westphalen (RS).

Comentário sobre este Mito (16/10):

Penso que esta questão da celebração em Versus Deum é algo que, há 6 anos atrás, era um assunto complicadíssimo de abordar, mesmo em meios católicos.

Agora, Deus tendo colocado no Trono de Pedro o Santo Padre Bento XVI, penso que isso é bem mais tranquilo de abordar, exatamente por já termos manifestação do Santo Padre sobre sobre o assunto, e mesmo ele já tendo celebrado a Santa Missa em Versus Deum várias vezes e publicamente, tanto como Cardeal como também enquanto Papa.

As referência do Papa encontram-se principalmente no seu maravilhoso livro "Introdução ao Espírito da Liturgia".

Essas citações trazemos mais abaixo, para enriquecer esta postagem, e mostrar claramente o pensamento do Papa.

Antes disso, retomamos algo que já dissemos anteriormente:

Nós somos BENEFICIÁRIOS da Santa Missa, e NÃO os seus DESTINATÁRIOS.

Pois a Santa Missa é Renovação do Único e Eterno Sacrifício de Nosso Senhor, consumado de uma vez por todas na cruz, tornado presente no altar e oferecido ao Pai Eterno, pelas mãos do sacerdote (Cat. 1362-1372; 1411); e é onde Nosso Senhor se faz presente verdadeiramente e substancialmente no Santíssimo Sacramento do Altar, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, nas aparências do pão e do vinho, como afirma o Catecismo da Igreja Católica (Cat. n. 1374-1377)

Deus é o DESTINATÁRIO, pois Ele recebe a nossa adoração; e nós somos BENEFICIÁRIOS, pois colhemos os frutos da participação no Santo Sacrifício da Missa, principalmente quando comungamos o Corpo de Deus.

Nesse sentido, a Missa é, ESSENCIALMENTE, NÃO para nós, para PARA DEUS.

Feitos estes pressupostos, vamos aos escritos do Papa.



No seu maravilhoso livro "Introdução ao Espírito da Liturgia", o Papa, na "segunda parte", dedica o capítulo III inteiro para tratar desta questão.

O título é:

"O altar e a Orientação da Liturgia".

O Papa começa mostrando que, desde a Igreja Primitiva, existe uma tradição litúrgica da oração em todos em comum (fiéis e sacerdotes, portanto) voltavam-se para o Oriente, e explica as razões diss. Vamos as palavras do Papa:

"Há uma evidência comum para toda a Cristandade, que prevaleceu a todas as variações até o segundo milênio tardio: a orientação da oração para o Oriente é a tradição desde o início, é a expressão fundamental da síntese cristã do Cosmos, da Hístória, da consolidaão dentro da singularidade da História da Salvação e da aproximação do Senhor que há de vir."

E o Papa continua, tomando como exemplo da "orientação comum" as orações do judeus e dos muçulmanos, e reconhecendo as dificuldades do mundo moderno de compreender estes simbolismos:

O Papa reconhece que, enquanto "os homens de hoje não tem muita compreensão para essa orientação", a oração "em direção ao lugar central da revelação", sito é, "a Deus que se nos revelou, e como e onde se revelou", "continua a ser evidente para o Judaísmo e para o Islão".

E falando no nosso contexto cristão, o Papa explica:

"Tal como Deus se encarnou e entrou no espaço e no tempo, tal é conveniente para a oração - pelo menos na Missa - que o nosso falar com Deus seja e cristológico e que, mediante Aquele que se encarnou, se dirija a Deus Trino. O símbolo cósmico do Sol nascente é a expressão da universalidade que é superior a todo o lugar, afirmando, ao mesmo tempo, o concreto da Revelação de Deus. A nossa oração insere-se assim na peregrinação dos povos rumo a Deus."

O Papa presta ainda dois esclarecimentos históricos.

Primeiro Esclarecimento:

Se por razões arquitetônicas nas construções das igrejas o sacerdote precisava se voltar para a direção do povo para celebrar voltado para o Oriente, o Papa responde, citando Cyrille Vogel:

"Se alguma vez se fez caso de algo, então foi que o sacerdote tinha que dirigir tanto a Oração Eucarísitca como todas as outras ações para o Oriente. Mesmo se a orientação do altar na igreja permitia ao sacerdote dirigir a oração ao povo, não nos podemos esquecer que, não apenas o sacerdote, mas também toda a assembléia se dirigia para o Oriente."

Quanto a Isso, o Jornalista Márcio Campos, Explica:

"No caso da Basílica de São Pedro, e de outras igrejas voltadas ao ocidente, quando o padre rezava voltado para o oriente, não só ele fazia isso: toda a assembléia também se voltava para a mesma direção. Ou seja, era o povo que "dava as costas" para o padre, e até para o altar."

Evidentente que NÃO estamos sugerindo que ninguém "fique de costas" para o altar em nossas igrejas, mas este dado histórico nos mostra a importância que a oração voltada em uma direção em comum tinha para os cristãos, mesmo que em algum contexto voltassem as costas para o altar, para Jesus Eucarístico e para o sacerdote.

O significado teológico disso é que a Missa é o Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo, do próprio Cristo que celebra intercedendo por nós em sua entrega sacrificial, por Amor ao Pai e a nós; e portando, é o SAcrifício do Corpo de Cristo, isto é, da Igreja (Cat. 787-796), Cabeça e Membros; NÃO existe Sacrifício da Cabeça sem o Sacrifício dos membros. Sacrifício oferecido a quem? A Deus Pai! Portanto, é toda a assembléia que, POR CRISTO, COM CRISTO e EM CRISTO se dirige ao Pai.

Segundo esclarecimento: Mesmo na Última Ceia, Nosso Senhor celebrou em Versus Deum.

O Papa nos ensina, citando Louis Bouyer:

"A idéia - nomeadamente a da última ceia - de que a celebração Versus Populum tenha sido a forma original da Última Ceia, baseia-se simplesmente no conceito incorreto de um banquete cristão ou não cristão na Antiguidade. Nos primeiros tempos cristãos, nunca o dirigiente de um banquete teria tomado lugar diante dos outros participantes. Todos estavam sentados ou deitados no lado convexo de uma mesa em forma de sigma ou de ferradura. Em tempos da Antiguidade cristã nunca teria surgido a idéia de que o dirigente de um banquete devesse tomar o seu lugar Versus Populum. O caráter da convivência de um banquete era realçado precisamente pela ordenação oposta de lugares, isto é, todos estavam sentados do mesmo lado da mesa."

E o Papa explica o porque pode "parecer" que a Missa em Versus Populum seja mais adequada, e vai respondendo as objeções.

Diz o Papa que "a inovação da Liturgia deste século" desenvolveu a "idéia de uma nova configuração de Missa": "A Eucaristia teria que ser celebrada Versus Populum (em direção ao povo)", modo a que "o sacerdote e o povo se pudessem olhar mutuamente".

O Papa continua:

"Essas conclusões pareciam tão convincentes que, depois do Concílio (que em si não falava da orientação para o povo) foram erigidos altares novos por todo o lado; a direção da celebração "versus populum", surge hoje praticamente como o autêntico fruto da inovação litúrgica, em concordância com o Vaticano II. Na realidade, ela é a consequência mais visível da reestruturação que não implica apenas no ordenamente exterior dos lugares litúrgicos, mas sobretudo uma nova compreensão da natureza da liturgia como ceia."

O que o Papa está falando aqui é algo sério: por detrás da rejeição ao Versus Deum, está havendo uma perda de sentido a respeito da essência da Santa Missa.

Pois como dissemos anteriormente, que NÃO é apenas uma "ceia", mas é essencialemten a Renovação Incruenta do Sacrifício de Nosso Senhor. Embora a Santa Missa tenha uma dimensão de banquete e ceia, é um banquete essencialmente sacrifical, que perde totalmente o sentido se não reconhecermos nele a dimensão de Sacrifício. Pois na Santa Missa não nos alimentamos de uma comida qualquer como em um banquete ou ceia comuns, mas sim do Corpo de Deus.

Por isso, o saudoso Papa João Paulo II lamenta na sua Encíclica Ecclesia de Eucharistia (n. 10):

"As vezes transparece uma compreensão muito redutiva do mistério eucarístico. Despojado do seu valor sacrifical, é vivido como se em nada ultrapassasse o sentido e o valor de um encontro fraterno ao redor da mesma. Além disso, a necessidade do sacerdócio ministerial, que se fundamenta na sucessão apostólica, fica às vezes obscurecida, e a sacramentalidade da Eucaristia é reduzida à simples eficácia do anúncio. (...) Como não manifestar profunda mágoa por tudo isto? A Eucaristia é um Dom demasiadamente grande para suportar ambigüidades e reduções."

Voltamos ao Papa Bento XVI, no seu livro "Introdução ao Espírito da Liturgia", prosseguindo a explicação:

"A esta análise de forma de "banquete", deve acrescentar-se que seria certamente insuficiente realizar uma descrição completa da Eucaristia Cristã apenas com base na " ceia". Apesar do Senhor ter oferecido a novidade do culto cristão no sentido de uma ceia judaica (Pascha), ele não ordenou a reiteração da ceia em si, mas sim do "novo" que ela constituia. Por isso é que o se separou muito rapidamente do contexto "velho", encontrando a sua própria forma que lhe era conforme e que já era preconcebida pelo fato da Eucaristia remeter para a cruz."

Pressegue o Papa, comentado a respeito das consequências negativas destas distorções:

"Só assim se pode explicar, que, doravante, a direção da oração comum do sacerdote e do povo tenho sido rotulada como "celebrar para a parede" ou "virar as coisas ao povo", o que, obviamente, parecia ser completamente absurdo e inadmissível. (...) Voltar-se em conjunto para o Oriente, não era era uma e não significava do sacertdote : no fundo, isso não tinha muita importância. Porque da mesma maneira como as pessoas na Sinagoga se voltavam para Jerusalém, elas voltavam-se aqui em conjunto . Trata-se - como foi escrito por um dos presbíteros que elaboraram a Constituição Litúrgica do Vaticano II, J. A. Jungmann - de uma orientação comum do sacerdote e do povo, que se entendim unidos na caminhada para o Senhor. Eles não se fecham no círculo, não se olham uns aos outros; são um povo que se põe a caminho para o Oriens, rumo a Cristo vindouro que se aproxima de nós".

Com efeito, o que importa não é estar "voltado para a parede" ou "estar de costas para o povo", mas sim, estar "Versus Deum", ou seja, "de frente para a Deus"!

Pois a referência NÃO é nem a parede, nem o povo, nem mesmo o sacerdote, mas Deus!